Botafogo
O Botafogo está descumprindo o Fair Play Financeiro? Entenda de uma vez por todas essa regra do futebol
Medida criada na Europa para evitar que clubes tivessem dívidas gigantescas volta a ser pauta no Brasil com os valores gastos por John Textor
O Fair Play Financeiro (FPF) ganhou mais força neste ano de 2024, apesar de já ser discutido desde o início da década passada. O motivo? Os altos valores gastos por John Textor, dono da SAF do Botafogo.
Vamos entender como funciona o FPF ao redor do mundo e assim, compreender de que forma o Botafogo poderia sofrer sanções caso essas regras passem a ser aplicadas pela CBF.
Campeonato Espanhol
A La Liga é muito definida à respeito das finanças dos clubes. Até por isso, as diretorias só podem gastar com transferências, salários e todos os custos com o futebol do clube, um montante total de 70% da arrecadação. Além disso, o saldo entre contratações e vendas de jogadores por janela tem que ser menor do que 100 milhões de euros. Ou seja, fazendo uma conta básica usando o Flamengo como exemplo, o clube arrecadou em torno de R$ 1 bilhão em 2023, ou seja, poderia gastar no máximo R$ 700 milhões com o futebol.
Se essa regra fosse aplicada ao futebol brasileiro, o Botafogo estaria infringindo e poderia ser punido por isso. Em 2023, a arrecadação do Glorioso fechou em R$ 390 milhões e em 2024, o clube já gastou R$ 393 milhões de reais com contratações de jogadores, ultrapassando até mesmo os 100% das receitas. Ou seja, desconsiderando gastos com salários, por exemplo, O Glorioso precisaria fechar o ano com pelo menos R$ 524 milhões de faturamento, o que não está na estimativa do clube.
Campeonato Inglês
A Premier League tem um método diferente de medir seu FPF, mas também possui punições severas e inclusive as utilizou na temporada passada. Nas leis do futebol inglês, um clube não pode ter um prejuízo total em três temporada maior que 15 milhões de libras, R$ 110 milhões. Nesse valor, já está incluída uma cláusula que permite os donos a fazerem um aporte de até 90 milhões de libras para pagar dívidas. Se mesmo assim o valor chegar aos 15 milhões, o clube é punido. A 777, ex-dona do Vasco e dona do Everton, descumpriu essa regra no ano passado e o clube foi punido com a perda de oito pontos na tabela.
A partir da temporada 2025/26, a regra do Fair Play Financeiro na Inglaterra vai mudar. Os clubes não terão um valor limite de prejuízo como é atualmente e sim terão um teto de 85% das receitas para gastar com o futebol, nos moldes da Espanha.
O Botafogo está descumprindo a regra do Fair Play Financeiro?
A resposta é não, afinal de contas não existe nenhuma regra de Fair Play Financeiro no futebol brasileiro. Mas, seguindo a diretrizes do FPF como é utilizado na Europa desde 2008, o Botafogo estaria totalmente fora das determinações e poderia sofrer uma punição mais severa.
Essa discussão ganhou mais requintes polêmicos recentemente, com Landim, presidente do Flamengo e Textor, dono do Botafogo. Os dois mandatários discutem à respeito dessa regra, pensando em um futebol mais justo para os clubes que seguem com suas contas em dia.
Fair Play Financeiro no Brasil
Existe um projeto para aplicar no futebol brasileiro sobre Fair Play Financeiro. Desenvolvido pelo economista Cesar Grafietti, à pedido da CBF, o projeto foi engavetado e não foi para frente. A ideia, como ainda tem muitos clubes com dívidas exorbitantes no Brasil, era conciliar a arrecadação com a dívida e a partir daí, permitir que os clubes gastem com o futebol. Dessa maneira, aqueles com dívidas maiores, ficariam mais tempo sem poder gastar, enquanto clubes que estão no verde poderiam gastar mais “à vontade” a sua receita.
Luiz Cesar
6 de setembro de 2024 em 17:32
Reportagem tendenciosa, pois não considera:
1) que as compras de jogadores do Botafogo ocorreram de forma parcelada, ou seja, será pago no decorrer dos próximos 3 a 4 anos
2) que a Lei das SAF obriga o investimento dos acionistas
3) que o investimento do Botafogo não se dá na forma de Patrocínio muito acima do mercado, associado a empréstimos do patrocinador como no Palmeiras
4) a distribuição injusta dos direitos de televisionamento, que favorecem de forma esdrúxula clubes como Flamengo, Palmeiras e Corinthians