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O impacto dos smartphones dos pais na saúde mental infantil. Entenda a tecnoferência

A tecnoferência parental afeta a saúde mental infantil.

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O impacto dos smartphones dos pais na saúde mental infantil. Entenda a tecnoferência
Créditos: depositphotos.com / leungchopan

É uma cena cada vez mais comum: enquanto uma criança tenta compartilhar suas experiências do dia, os pais estão distraídos, imersos em seus smartphones. Esse comportamento pode parecer inofensivo à primeira vista, mas um estudo recente revelou que ele pode ter consequências significativas para a saúde mental das crianças.

De acordo com uma pesquisa publicada na revista científica JAMA Network Open, crianças de 9 a 11 anos que acreditavam que seus pais passavam muito tempo em seus smartphones apresentavam maior propensão a desenvolver ansiedade e problemas de atenção e hiperatividade. Esse fenômeno pode ser explicado pela falta de atenção e conexão emocional entre pais e filhos, essencial para um desenvolvimento saudável.

Tecnoferência Parental: Um Fenômeno em Crescimento

A tecnoferência, termo que combina “tecnologia” e “interferência”, está se tornando um elemento perturbador na dinâmica familiar. Segundo Sheri Madigan, professora associada de psicologia na Universidade de Calgary, a atenção dividida dos pais devido aos smartphones pode resultar em falta de respostas emocionais adequadas às necessidades dos filhos.

Estudos indicam que os pais gastam, em média, mais de cinco horas diárias em seus smartphones, e muitas vezes, utilizam esses dispositivos 27% do tempo destinado a interações com seus bebês. Além disso, 68% dos pais admitiram se distrair frequentemente com seus smartphones enquanto interagem com seus filhos, exacerbando ainda mais esse problema.

Tecnoferência: O Que Isso Significa para as Crianças?

Essa interrupção tecnológica significa menos tempo de qualidade entre pais e filhos, menos conversas significativas e menos brincadeiras, essenciais para o desenvolvimento infantil. Ademais, esses comportamentos podem aumentar o risco de lesões infantis e afetar negativamente o relacionamento entre pais e filhos durante a adolescência, levando a conflitos e diminuindo o suporte emocional.

Como a Tecnoferência Afeta a Saúde Mental Infantil?

Para investigar a fundo, a equipe de Calgary analisou dados de mais de mil crianças canadenses entre 9 e 11 anos ao longo de dois anos. As crianças foram questionadas sobre quanto tempo seus pais passavam em dispositivos e expressaram frustrações como “Gostaria que meus pais gastassem menos tempo no telefone”.

  • Além disso, as crianças foram avaliadas quanto a problemas de saúde mental, incluindo ansiedade, depressão, hiperatividade e desatenção.
  • Os resultados apontaram que níveis elevados de ansiedade infantil estavam associados a uma percepção de tecnoferência parental.

Por outro lado, o uso excessivo dos smartphones pelos pais também foi ligado a níveis mais altos de desatenção e sintomas de hiperatividade nas crianças. Homens e mulheres não apresentaram diferenças na magnitude desses efeitos.

Por Que Crianças de 9 a 11 Anos São Mais Afetadas?

Este estudo focou em crianças de 9 a 11 anos porque essa faixa etária é crucial para o desenvolvimento cerebral, estando associada a um risco maior de problemas de saúde mental. A falta de atenção e cuidado parental durante esses anos pode ter consequências duradouras no desenvolvimento emocional e mental das crianças.

Embora os dados indiquem uma relação clara entre a tecnoferência parental e a saúde mental infantil, os especialistas ainda debatem a direção desse efeito: será que a ansiedade das crianças está levando os pais a buscarem refúgio em seus smartphones, ou é o uso excessivo de smartphones pelos pais que está causando ansiedade e hiperatividade nos filhos?

Como Reduzir a Tecnoferência e Melhorar a Saúde Mental das Crianças?

  • Estabeleça horários sem smartphones, especialmente durante as refeições e momentos de interação familiar.
  • Participe ativamente das brincadeiras e conversas com seus filhos, mostrando interesse genuíno em suas atividades.
  • Defina limites claros para o uso de dispositivos e cumpra-os rigorosamente.

Em última análise, a pesquisa realça a complexidade das relações entre o uso parental de smartphones e a saúde mental dos filhos. Para os pais, a mensagem é clara: deixar os smartphones de lado durante o tempo com os filhos pode ser um passo crucial para garantir um desenvolvimento saudável, emocional e mental das crianças. Assim, podemos criar um ambiente mais afetuoso e atencioso, essencial para o bem-estar das gerações futuras.

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