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Saúde

Síndrome de Burnout: Alerta e crescimento no Brasil

O diagnóstico é feito por um psiquiatra e o tratamento inclui terapia e mudanças no estilo de vida.

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Síndrome de Burnout: Alerta e crescimento no Brasil
Créditos: depositphotos.com / vchalup2

A jornada exaustiva de trabalho que chegava a durar 16 horas por dia, o excesso de responsabilidades e o sentimento de viver em função do emprego foram determinantes para que Juliana Ramos de Castro, de 41 anos, desenvolvesse a síndrome de burnout.

Esse esgotamento começou a mostrar sinais em 2020, enquanto Juliana trabalhava de forma autônoma como nutricionista. Inicialmente, ela acreditava que enfrentava crises de ansiedade, mas os sintomas só pioravam.

Quando assumiu um cargo de gerente em 2022, com uma jornada de trabalho ainda mais intensa, os sintomas se tornaram constantes e insuportáveis, resultando em cansaço extremo, dores no peito, crises de choro e isolamento social.

O que é Síndrome de Burnout?

síndrome de burnout é uma condição psicológica resultante de estresse crônico e prolongado no ambiente de trabalho. Identificada primeiramente em 1974 pelo médico-psicanalista Herbert Freudenberger, esta síndrome ganhou ampla atenção após ser reconhecida como uma condição de trabalho pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022.

Como a Burnout Afeta os Trabalhadores?

Juliana percebeu que o fim de semana não era suficiente para recarregar suas energias. As dores no peito e crises de choro apareceram sem razão aparente, e o isolamento social se intensificou. Ao buscar ajuda médica, descobriu que sua condição era burnout, não ansiedade.

Em 2023, assustadoramente, 421 brasileiros foram afastados do trabalho devido a burnout, o maior número registrado na última década segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Esse aumento significativo coincide com a pandemia de coronavírus, que intensificou o estresse e a pressão sobre os trabalhadores.

Quais São os Sintomas da Síndrome de Burnout?

Para diagnosticar burnout, é necessário identificar três dimensões principais:

  • Exaustão emocional: O cansaço excessivo devido às demandas do trabalho.
  • Despersonalização: Perda de sentimentos e empatia em relação a colegas e clientes.
  • Reduzida realização profissional: Sensação de insatisfação e incompetência no trabalho.

De acordo com Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), é essencial que médicos provem a relação entre o esgotamento e o trabalho, o que complica ainda mais o diagnóstico e o tratamento desta síndrome.

Por Que os Casos de Burnout Estão Aumentando?

Bruno Chapadeiro Ribeiro, da Universidade Federal Fluminense (UFF), argumenta que o aumento vem de uma maior conscientização sobre transtornos mentais relacionados ao trabalho e da pressão excessiva sobre os trabalhadores. Ele destaca três fatores principais:

  1. Maior conhecimento do burnout e reconhecimento pela OMS.
  2. Pressão aumentada e estresse no ambiente de trabalho.
  3. Confusão entre burnout e outros transtornos mentais pelos profissionais de saúde.

Como Prevenir o Burnout no Ambiente de Trabalho?

A prevenção do burnout requer mudanças culturais nas organizações, incluindo a redução da intensidade e da competitividade no trabalho. Medidas práticas incluem:

  • Estabelecimento de metas coletivas que promovam o bem-estar.
  • Promover um ambiente de trabalho saudável e inclusivo.
  • Implementar programas de suporte psicológico para os empregados.

Sintomas e Tratamentos

Elton Kanomata, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que os sintomas físicos do burnout incluem fadiga persistente, insônia, dores musculares e cefaleias. No campo emocional, os pacientes podem sentir esgotamento, baixa autoestima, irritabilidade e desmotivação.

O tratamento consiste em terapia psicológica e medicamentos, como antidepressivos e ansiolíticos, além da mudança no estilo de vida, incluindo práticas esportivas e lazer.

Diagnóstico e Desafios no Brasil

No Brasil, diagnosticar burnout e provar a relação com o ambiente de trabalho é um desafio. Antonio Geraldo da Silva ressalta que, para um diagnóstico adequado, o médico precisa avaliar o ambiente de trabalho do paciente, o que dificulta comprovar o burnout.

Empresas que ignoram ou tratam negativamente seus funcionários diagnosticados com burnout contribuem para a piora da condição. Por isso, é vital uma abordagem mais humana e acolhedora.

Juliana Ramos de Castro, que teve de mudar de área para se recuperar, ilustra que o burnout não deve ser tratado como frescura, mas como um sério problema de saúde ocupacional.

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