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Crime de ‘stalking’: cirurgião plástico sofre perseguição por mais de 10 anos

Médico sofre com ameaças desde 2014, onde perfis fakes o avaliam mal e dizem que ele é grosseiro, estuprador e que já forçou pacientes a abortarem. Além de ameaças contra a esposa e filho

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Ameaças sofridas pelo profissional no Instagram. Foto Destaque: Arquivo Pessoal

Sancionada em abril de 2021, uma lei inclui no Código Penal o crime de perseguição, também conhecido como “stalking” (em inglês). Porém, o cirurgião plástico Neil Venter, de 51 anos, sofre com essa situação desde 2014 e até hoje não obteve justiça.

O profissional que trabalha atualmente no Espaço Médico Le Monde, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, concedeu uma entrevista para a Super Rádio Tupi, onde contou ser vítima do crime de “stalking”. Neil Venter conheceu uma mulher chamada Karina, na época em que ele era residente e ela era técnica de enfermagem, em 1998. Eles realizaram um procedimento médico juntos mas depois desse fato, não se encontraram mais.

Em 2014, essa mulher procurou o médico pelas redes sociais. Mandou mensagens sobre medicina e iniciou uma conversa sobre um hobby particular que era tocar piano, mandando alguns recitais. Neil afirma que em momento algum flertou ou teve contato físico com essa mulher.

O médico disse que ela começou a mandar mensagens sem parar, mesmo não continuando uma conversa. E a partir desse momento, as perseguições e ameaças começaram pelas redes sociais.

A perseguição contra o médico também acontece no Google, onde perfis fakes o avaliam mal e dizem que ele é grosseiro, estuprador e que já forçou pacientes a abortarem. Ele denunciou o crime na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), época em que a lei de “stalking” ainda não tinha sido sancionada.

Além disso, com a denúncia, Neil Vent descobriu que perfis que conversavam com ele sobre Karina, eram todos provenientes da mesma pessoa. Dessa forma, a stalker criava diversas contas fakes e também conseguia entrar em contato por diferentes números. E mesmo assim, as investigações eram postergadas ou não seguiam em frente.

Naquele momento, a stalker descobriu que o médico estava namorando sua atual esposa e realizou milhares de ameaças, algumas dizendo que ia agredi-la, matá-la e jogar o corpo em uma vala. Além disso, passados anos, as ameaças se estenderam ao filho do casal. Karina enviou fotos de crianças decapitadas falando que a próxima vítima seria o bebê do médico.

“O delegado falou que não ia mais registrar absolutamente nada, por ele tudo já tinha sido feito. Ele já tinha feito pedido a prisão dela, mas era uma época em que ninguém pedia ou concedia a prisão para esse tipo de crime. Ele falou que não faria mais nenhum tipo de registro”, desabafou o cirurgião.

Até o momento, Neil Vent informou ter 86,2 GB, 3229 arquivos, 196 pastas e 75 números de WhatsApp arquivados. Todo esse material para provar a perseguição sofrida.

“Karina tem pelo menos quatro vítimas. Eu, outro médico, um sargento da aeronáutica e uma ex-amiga dela. Os ataques são muito parecidos, inclusive, ela descobriu recentemente que a esposa do médico tem um Instagram profissional e começou a criar fakes para fazer ataques muito similares ao meu. Essa outra vítima se assustou chegou a fechar o Instagram por um período. Ela começou a ameaçar pelo WhatsApp, utilizando dois telefones, um que está registrado no nome da mãe dela e o outro que está no próprio nome dela”, contou sobre outras vítimas.

No momento, apenas com a contratação de uma equipe jurídica o processo contra a stalker está caminhando para uma conclusão.

“Depois do marco da internet e da lei específica para stalking, as coisas começaram a andar e foi quando a gente contratou um escritório criminal específico para isso. Quando eles fizeram o pedido, eles ficaram no IP, eles identificaram a empresa fornecedora de internet. Entramos com uma queixa-crime e agora estamos na parte da audiência mas é extremamente frustrante. Leva uma década, é uma dificuldade muito grande para o cidadão comum obter algum tipo de Justiça”, finaliza o médico.