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Corpo de Washington Rodrigues, o Apolinho, é velado na sede do Flamengo, na Gávea
Considerado um dos maiores comunicadores da radiodifusão brasileira, Apolinho era comentarista e apresentador na Super Rádio TupiO corpo de Washington Rodrigues, o Apolinho, é velado nesta quinta-feira (16), a partir do meio-dia, na sede do Flamengo, na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro. O sepultamento será no cemitério São João Batista, em Botafogo, na tarde desta quinta.
Considerado um dos maiores comunicadores da radiodifusão brasileira, Apolinho era comentarista e apresentador na Super Rádio Tupi. Ele estava internado no Hospital Samaritano, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, tratando um câncer.
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Patrícia Rodrigues, filha de Apolinho, deu um depoimento emocionante sobre os últimos momentos do comunicador. Patrícia, que colocou uma bandeira do Flamengo sobre o caixão, disse que o pai assistiu ao terceiro gol do Rubro-Negro sobre o Bolívar e deu um “último suspiro tranquilo”.
“Ele (Apolinho) assistiu ao primeiro tempo, ouviu o terceiro gol e deu o último suspiro tranquilo, sereno. E a festa linda que foi no Maracanã, com todas as luzes acesas, toda torcida. Eu acho que fez ele chegar mais feliz no céu. Ele morreu feliz com o Flamengo”, disse Patrícia, emocionada, durante o velório nesta quinta. O Flamengo derrotou o Bolívar por 4 a 0 no Maracanã na noite de quarta.
Garotinho se emociona
O narrador José Carlos Araújo, o Garotinho, da Super Rádio Tupi, ressaltou a convivência de 58 anos com Apolinho nas transmissões esportivas e destacou o forte laço de amizade entre os dois.
“O Apolinho foi o maior comunicador que eu acompanhei e vi em rádio. Nos 58 anos de convivência, ele mostrou pra gente o quanto era parceiro e amigo. A gente passava mais tempo junto do que com a nossa própria família. Essa é a realidade. Ele não foi meu amigo, eu perdi um irmão, e por isso estou muito sentindo”, disse José Carlos Araújo, durante velório do comunicador na sede do Flamengo, na Gávea.
Já Gerson Canhotinha de Ouro, também comentarista da Super Rádio Tupi e campeão mundial com a Seleção em 1970, lamentou a morte do amigo.
“Ele era Flamengo, mas se dava bem com todo mundo. Ele era o cara que estava acima disso, era um comunicador e agradava todo mundo, que é uma coisa difícil. Apolinho conseguia ultrapassar isso com a mania dele de ser o que ele era. Ele era aquilo. Doeu, doeu… não doeu, não doeu. Falava o que pensava e o que sentia. Nós que convivemos com ele sabíamos muito bem disso. Sempre foi um grande profissional, parceiro e amigo”, disse Gerson à Patrulha da Cidade, da Super Rádio Tupi.
Em nota oficial, a Super Rádio Tupi, através do seu presidente Josemar Gimenez, lamentou a morte do comunicador.
“A Super Rádio Tupi lamenta profundamente a perda de Washington Rodrigues, o maior expoente do radio esportivo de todos os tempos. Apolinho era uma lenda para o jornalismo esportivo e seu legado será lembrado por muitas gerações. O rádio brasileiro perde um comunicador inteligente, amoroso e dedicado. Descanse em paz, mestre Apolo. Que Deus abençoe sua maravilhosa família.”
A morte do comunicador repercutiu no mundo do futebol, entre jogadores, jornalistas e outras personalidades.
Washington Carlos Nunes Rodrigues nasceu no Rio de Janeiro, no dia 1º de setembro de 1936. Revelou-se desde cedo um amante do futebol e sempre se orgulhou em dizer que organizava saídas da escola para frequentar o recém-inaugurado Maracanã. Na juventude, enquanto era bancário, tinha como hobby a prática do futebol de salão e, ainda de forma amadora, enviava boletins sobre a modalidade para a Rádio Guanabara, que o contrataria em um futuro não tão distante.
Apelido Apolinho
O apelido Apolinho, num primeiro momento, foi dado para o seu microfone pelo locutor Celso Garcia, em alusão aos equipamentos usados pelos astronautas da missão Apollo 11. Logo, o também lendário Waldir Amaral seguiu usando o termo. Não demorou para todos transferirem o apelido do microfone para Washington Rodrigues.
Irreverente e criativo, Apolinho não demorou para se notabilizar como um dos principais repórteres do rádio brasileiro. Trabalhou nas principais emissoras do Rio de Janeiro e fez parte de formações históricas. Depois da Copa do Mundo de 1978, na Argentina, recebeu um convite de um de seus parceiros mais notáveis, o Garotinho José Carlos Araújo, para virar comentarista. Juntos, formaram uma das parcerias mais emblemáticas de toda a história em veículos como as rádios Globo e Nacional, além do reencontro na Super Rádio Tupi, em 2015.
Na Rádio Tupi, a passagem mais recente foi iniciada em 1999, com o tradicional Show do Apolinho, que informou e divertiu os ouvintes, além de pautar a imprensa por mais de duas décadas. No período, formou mais uma dupla marcante da comunicação, ao lado do locutor Luiz Penido, nas principais transmissões envolvendo o futebol carioca e Seleção Brasileira.
Além de seu programa, Washington Rodrigues assinava a ‘Palinha do Apolinho’ no Giro Esportivo, além do quadro ‘Geraldinos & Arquibaldos’ – termos inventados pelo próprio – nas manhãs da Tupi com Clóvis Monteiro, entre segunda e sexta, e Roberto Canazio, aos sábados. Também fazia parte da bancada de comentaristas do Show da Galera, exibido nas tardes de sábado e ancorado por Luiz Penido, além de ser o principal comentarista esportivo da Super Rádio Tupi.
No último mês de fevereiro, o Show do Apolinho completou 25 anos na Super Rádio Tupi. O programa contou com companheiros de longa data, como o produtor e comentarista Marcus Vinícius e o sonoplasta Anderson Almeida. A formação atual também contava com a produtora Deysi de Assis e o famoso ‘Robetão’, o robô, E.T. e anão.