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‘Robetão’: relembre personagem icônico criado por Apolinho; ouça
‘Robetão’, figura carimbada dentro do 'Show do Apolinho', foi uma das grandes atrações para os ouvintes, que aguardavam ansiosamente a aparição do robôExcelência, imparcialidade, carisma, irreverência… Diversos são os substantivos que podem ser atrelados a Washington Rodrigues. Tendo o dom da comunicação, Apolinho se destacava pelo olhar clínico para encontrar meios de retratar uma situação de uma maneira simples e cômica, mas não menos certeira.
Foi justamente dentro dessa capacidade que ele teve a ideia de criar, dentro dos seus programas, um personagem que o “ajudaria” no ato de comunicar. Uma espécie de “intruso do bem”, que o acompanhou por anos e anos.
O chamado Robetão, figura carimbada dentro do “Show do Apolinho”, foi uma das grandes atrações para os ouvintes, que aguardavam ansiosamente a aparição do robô, que nem sempre estava de bom humor.
Com uma voz metálica e de humor ácido, Robetão sempre foi uma incógnita para quem acompanhou Washington Rodrigues ao longo dos anos. Não se sabia, ao certo, quem era ou da onde surgia aquela voz.
O que pouca gente sabe é que Robetão não servia apenas para entreter o ouvinte; muitas vezes, ele também trazia, nas entrelinhas, casos de dentro da própria empresa e do dia a dia dos colegas de redação.
RobôETanão
A escolha pelo nome Robetão surgiu da aglutinação das palavras robô, et e anão. Essa foi a característica idealizada por Apolinho para retratar a figura que vez ou outra dava as caras no programa.
Robô por possuir a voz metálica – um jeito de não humanizar o personagem; ET por possuir ideias de “outro mundo”, tanto que, quase sempre, ambos não se entendiam, de maneira proposital, sobre algum tema; e anão por ser um ser de menor estatura – cabia dentro de uma caixa, de acordo com o experiente apresentador.
Como surgiu
Robetão foi uma invenção de Apolinho quando ainda trabalhava no SGR (Sistema Globo de Rádio). No período, no entanto, apesar de já possuir a tal da voz metálica, suas falas eram mais pausadas, de pouca interação com o apresentador e com frases prontas.
Foi após a chegada de Washington Rodrigues à Super Rádio Tupi, em janeiro de 1999, durante o começo da sua segunda passagem pela emissora, que é possível afirmar que Robetão “ganhou vida”.
Foi neste período que Apolinho começou um parceiro de vários anos: o operador Anderson Almeida, que teve a ideia de criar diálogos reais e cotidianos para o robô, que passou a “aparecer” muito mais dentro da programação, principalmente após a boa repercussão entre os ouvintes.
Como Robetão “aparecia”
Com a aprovação da reformulação do Robetão, Apolinho e Anderson passaram a explorar muito mais o personagem. Dentro da sua genialidade, e com a ajuda do amigo sonoplasta, o apresentador diariamente separava frases, expressões, intervenções e etc, aguardando o momento perfeito para o uso.
Algumas das aparições de Robetão eram combinadas previamente, antes do início do programa. As falas eram gravadas pelo próprio apresentador e editadas por Anderson, através de um programa de edição. Outras, já guardadas de outros momentos, poderiam ser utilizadas de acordo com qualquer situação apresentada no programa.
Dessa forma, é possível afirmar que, a cada dia que se passava, Robetão ganhava mais vida – o que tornava o “Show do Apolinho” mais divertido para quem ouvisse, quem participava e para os colegas da emissora.
A “vida” de Robetão
Por mais que fosse um robô, Robetão tinha sua vida particular, mesmo que não humanizada. Apolinho afirmava que a aparição do personagem se dava quando ele conseguia “sair da caixa”, local onde ficava guardado, fosse no dia dia, ou durante as férias do apresentador.
O olhar de Washington Rodrigues foi certeiro até para entender que aquela “figura” precisava ser o oposto dele – era esse o “embate” que geraria um ponto alto (ou vários) dentro do programa, através das intervenções feitas pelo robô.
Se por um lado Apolinho era torcedor declarado do Flamengo, Robetão era fã assíduo do Vasco da Gama; Enquanto o apresentador ponderava sobre tudo, o robô possuía sua visão particular sobre o mundo; Apolo sempre foi calmo e pacífico, enquanto lidava com o jeito temperamental do seu “filho”, já que era chamado de “papai” pelo personagem.
Há ainda quem afirme que, por vezes, Robetão também foi uma ferramenta para Apolinho (ou Anderson) expressarem aquilo que não poderiam no “ao vivo” – seja sobre um tema ou sobre um colega, sempre dentro do respeito e da amizade.
Era uma forma “sacana” de implicar com algum amigo ou retratar uma outra opinião sobre um certo tema – um jeito especial e genial de representar os diferentes tipos de pensamentos provenientes de milhões de ouvintes.
O uso do Robetão
Nem sempre foi fácil dar “vida” a Robetão. Quando ainda estava no SGR, as falas do personagem eram salvas nos famosos MD’s (MiniDiscs). O objeto era um CD, de tamanho menos que os convencionais, que registravam faixas de áudio.
Cada faixa representava uma fala específica do personagem. Por isso, era fundamental a memorização perfeita por parte do sonoplasta, que, manualmente, selecionava as faixas e as tocava no momento oportuno.
Já na Rádio Tupi, após a digitalização de toda a estrutura da empresa, a situação ficou muito mais fácil para a sonoplastia, que passsou a ter acesso a todas as falas de Robetão na ponta dos dedos.
Saudade
Assim como Apolinho, Robetão ficará para sempre na saudade dos ouvintes e colegas, afinal, estava fortemente ligado a Washington Rodrigues, sua genialidade, seu jeito de comunicar e o lado “sacana”, como era lembrado por amigos. A “existência” do robôETanão foi, durante anos, uma das melhores parcerias criadas pelo próprio apresentador, que, com o passar do tempo, soube utilizá-lo para entreter, (se) divertir, debater e informar o ouvinte.
Ouça alguns áudios do ‘Robetão’: