Diniz se desculpa por tom agressivo e críticas à imprensa
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Em entrevista coletiva, Fernando Diniz se desculpa por tom agressivo e generalização dos profissionais de imprensa

Mais calmo, treinador aborda diversos outros temas no CT Carlos Castilho; confira

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Fernando Diniz
Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense

O técnico Fernando Diniz concedeu, no começo da tarde desta quinta-feira (21), entrevista coletiva no CT Carlos Castilho. Além dos diversos temas abordados, o treinador aproveitou para se desculpar em relação ao tom utilizado nas entrevistas coletivas, quando chegou a se desentender com alguns profissionais da imprensa.

“Quero pedir desculpas pelo tom agressivo com que me dirigi em alguns momentos, e também pela generalização que fiz à imprensa. Dei uma generalizada, coisa que não gosto. Tenho uma relação (com a imprensa) que considero muito positiva, até especial” – disse Diniz.

“Quero pedir desculpas pelo tom agressivo com que me dirigi em alguns momentos, e também pela generalização que fiz à imprensa. Dei uma generalizada, coisa que não gosto. Tenho uma relação (com a imprensa) que considero muito positiva, até especial.” – concluiu o comandante tricolor, encerrando o tema.

Na ocasião, Fernando Diniz subiu o tom ao ser questionado sobre as escolhas feitas nos últimos jogos, em especial nas duas partidas contra o Flamengo, válidas pelas semifinais dos Campeonato Carioca.

Confira outros temas:

Fernando Diniz
Diniz sempre cultivou boa relação com todos os profissionais nas duas passagens pelo clubr – Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC

Agradecimento ao torcedor

“O maior patrimônio do clube é a torcida. Tenho um carinho enorme pela maneira que eles sempre abraçam a mim e ao meu trabalho. Tenho muito a agradecer à torcida do Fluminense e deixá-los tranquilos que a gente está trabalhando constantemente para entregar vitórias e alegrias. Porque uma das coisas que eu mais gosto é ganhar campeonatos e correr na direção dos torcedores.”

Elenco reduzido

“Eu não gosto de elenco muito grande, porque gosto de olhar para as categorias de base. Tem muitos jogadores que queremos terminar a formação deles. Sobre o número de lesões, que são evitáveis. O problema do Douglas foi muito peculiar, ele chutou o chão e o problema muscular do Ganso. As outras são articulares – o joelho do Marlon e Samuel… Keno torceu o tornozelo… isso não temos muito controle. Eu dou muito treino tático, gosto de jogadores com saúde e que não tenha que ficar muito atletas de fora. Eu prefeiro preencher com jogadores da base pra terminar a formação. Se a gente encher o elenco, a gente tira o espaço dos jogadores da base no profissional.  O elenco já está mais robusto que ano passado, mas continuo com a mesma opinião: não quero muito cheio. Com a temporada do ano passado, tem uma certa normalidade. O time não teve um trimestre, a gente começou no fim de janeiro. Voltamos 45 – 50 dias. Mas tivemos a decisão contra a LDU (Recopa). Focamos nisso e aceleramos o processo para termos uma condição adequada para esse jogo. As lesões estão sob controle.”

Falta de pré-temporada

“Eu acho que o trabalho, se fizermos um olhar macro, talvez o Fluminense viva um dos melhores momentos da sua história. Nós temos que colocar as cores necessárias para descrever bem a realidade. As pessoas que tem mais dinheiro levam vantagem no futebol de hoje em dia, porque tem o melhor CT, consegue contratar jogadores… com o orçamento que o Fluminense tem e as campanhas que vem fazendo de 2020 pra cá – sempre na Libertadores, ganhando estadual, Libertadores, Recopa, sendo terceiro colocado no Brasileiro… a gente não pode colocar o orçamento que o Fluminense tem e comparar com outros clubes e achar que é a mesma coisa. Aqui no Brasil tem uma peculiaridade muito grande que temos, pelo menos, 12 camisas muito pesadas que a gente acha que a chance de ganhar é a mesma e não é. A gente consegue nivelar com o trabalho coletivo de muita gente e com o apoio da torcida. A torcida foi decisiva em muitos momentos para o time desde que eu cheguei aqui. É um trabalho que temos que exaltar, saber o tamanho do Fluminense – o clube fatura 350 milhões por ano e disputar com times que tem 700, 800, um bilhão… tem que ter uma valorização do que acontece pra estarmos mais perto do real. Quando a gente ganha uma conquista que exigiu quase que a totalidade da nossa energia (Libertadores), você fica um pouco acomodado. Estamos aprendendo isso, os jogadores não fazem porque querem. A torcida pode fazer isso, mas temos que aprender a voltar logo. A temporada pra gente terminou dia 22 dezembro, voltamos quase um mês depois dos outros times, sabendo que tínhamos uma final para jogar (Recopa). Era um jogo emblemático. Nosso foco ficou muito direcionado para a LDU.”

Porquê das improvisações

“Para aumentar a chance de o time ganhar. Se tiver que botar 10 zagueiros e isso for me ajudar a ganhar, eu boto. Dez atacantes, eu boto. Foi assim que ganhamos. O Flamengo tem uma zaga boa, de saúde, de idade, e busca o Léo Ortiz, é diferente. Aqui é tentar colocar o melhor time. Aqui não reluto de fazer. Desde que ajude o time a vencer. Esse foi o trunfo na Libertadores e Recopa. Só ver quantas vezes virou jogos com recuo do André para a zaga. Como melhoramos com Marquinhos na direita, mais profundidade, dar liberdade para o Arias por dentro. Vou ajustando com as peças que tenho para ter mais chance de ganhar – completou.”

Grupo da Libertadores

“Nunca acho o Fluminense favorito a nada. A base do time é um time que tem que ter fome e humildade, saber respeitar os adversários. O Alianza Lima está indo para a 30ª Libertadores, o Fluminense para a décima. Pegamos três times extremamente cascudos e acostumados a jogar essa competição. Não tem absolutamente nada fácil, e vai exigir do Fluminense tanto ou mais do que o ano passado. Isso é o que temos internamente. Não é discurso, é uma prática diária. Três adversários muito duros e tradicionais, que vão ter nosso respeito máximo. Já estão tendo.”

Importância de um menor deslocamento logístico e nenhuma partida na altitude na Libertadores

“Isso é um fator que ajuda, inegavelmente. Você se deslocar menos e não jogar na altitude ajuda o Fluminense. A altitude é um complicador muito grande, independente se for em La Paz (Bolívia), Oruro (Bolívia), Juliaca (Peru). Isso é uma coisa que ajuda o Fluminense.”

Oscilações recentes

“Tivemos momentos nessa temporada que os dois jogos da LDU foram Fluminense concentrado. Primeiro jogo do Flamengo para o segundo… Um time extremamente sem energia no primeiro jogo e um com muita energia no segundo. Corrigimos muita coisa. É algo maior, macro. Eu falei para vocês: os principais jogadores que voltaram contra o Flamengo (no segundo jogo) foram a solidariedade, a fome e a coragem para fazer as coisas. De alguma forma, desde a Libertadores, a gente ficou oscilando mais para baixo do que para cima nessas questões. A maneira como a gente se comportou contra o Flamengo, no segundo jogo, eu acho que a gente tem que pegar dali e traçar nossos objetivos para a temporada, que é o que a gente está fazendo desde que terminou o primeiro jogo da semifinal.”

Fator econômico

“Fator econômico tem a ver com essa questão. O Flamengo consegue trazer De La Cruz do River, mas o River não consegue o Arrascaeta. Não queria dizer que o Brasil vai ganhar, mas isso aumenta a chance. Isso vale para o mundo. Se pudesse trazer De Bruyne, Haaland, teríamos muito mais chance de ganhar. Flamengo e Palmeiras, depois que se ajeitaram, têm ficado na frente. Aqui temos orçamento mais modesto, mas com trabalho de muita gente somos cada vez mais competitivos. Acho que podemos ser mais do que fomos ano passado. Trabalhando sempre no limite.”

Planejamento do Fluminense

“Acho que o planejamento foi muito bem feito, acho mesmo. Foi muito conversado, muita gente participou. Temos que agradecer pelo time que iniciou o Carioca, que entregou o time em primeiro quando voltamos como titulares, que deu a vaga para nós na semifinal e, consequentemente, a vaga na Copa do Brasil do ano que vem. O planejamento era esse, e o caminho do Fluminense era esse, não tem outro caminho. O outro caminho possível era ganhar tudo. Sermos campeões do mundo, ganharmos do Manchester City, ganhar o Carioca de novo ou reverter a final como revertemos no ano passado, quando estivemos com um placar adverso no ano passado. Mas não vamos conseguir sempre. Queremos conseguir , mas ninguém vai conseguir sempre. Quando não conseguirmos, é a chance que temos de melhorar. E acredito que estamos aprendendo a melhorar com tudo que está acontecendo. E, repito, precisamos caminhar junto com o bom entendimento do que é o Fluminense e das coisas que a gente faz.”

Análise sobre trabalho no Fluminense

“Eu acho que o trabalho, se fizermos um olhar macro, talvez o Fluminense viva um dos melhores da nossa história. Temos que colocar as cores necessárias para observar bem a realidade. O futebol de hoje em dia é: as pessoas que tem mais dinheiro, levam uma vantagem significativa, porque tem os melhores centros de treinamento, conseguem contratar jogadores que nós não conseguiríamos. O orçamento que o Fluminense tem e as campanhas que vem fazendo de 2019/2020 para cá, sempre na Libertadores, chegando em finais de Estadual, ganhando, sendo bicampeão, ganhando Recopa, sendo em 2022 terceiro no Brasileiro. Não podemos comparar o tipo de orçamento que o Fluminense tem e querer comparar com quem tem três vezes mais e colocar tudo no mesmo cesto e achar que é a mesma coisa, porque não é. Aqui no Brasil ainda temos uma peculiaridade muito grande, porque temos pelo menos 12 camisas muito pesadas. Às vezes achamos que as 12 estão na mesma prateleira, com as mesmas chances de ganhar. E não são as mesmas. A gente consegue nivelar com um trabalho coletivo de muito gente, muitas mãos trabalhando.

E com o apoio da torcida, porque a torcida foi decisiva em muitos momentos para o time. Essa conexão que ela tem com o time é um fator para em qualquer campanha que a gente tem nesse período em casa, dá para ver como faz diferença. A torcida nos leva muito para frente. É um trabalho que temos que exaltar e saber qual o tamanho do Fluminense. Um clube que fatura, pelo menos do que eu sei, 350 milhões por ano. E disputar com times que tem 700, 800, 1 milhão e pouco. Temos que ter essa noção, de olhar e saber onde estamos e qual a força que temos para lutar, quanto que temos que trabalhar. Tem que ter uma valorização e uma relativização do que acontece para gente poder estar mais perto do real. E o torcedor e vir junto. Porque essa força que a gente tem da torcida, precisamos muito deles. Muito mesmo. E que ele entenda cada vez mais. Isso é um fato.

Outro fato é que o Fluminense está aprendendo a ganhar coisa grande, todos nós estamos aprendendo. A gente não tinha ganhado a Libertadores. Quando você ganha, uma conquista que exigiu quase que a totalidade da nossa energia, em um primeiro momento, você tem que aprender a não ficar fragilizado para os eventos a seguir. A gente está aprendendo. Os jogadores não fazem porque querem. A gente tem que depois de uma grande conquista, voltar logo pro prumo. Até o próprio torcedor, embora a torcida tem mais é que fazer isso mesmo. E acho que estamos aprendendo isso agora. Tivemos uma campanha que teve 4 de novembro, ainda conseguimos pontuar, ficamos em sétimo no Brasileiro.”

Ganso e Renato Augusto juntos

“O que falei é o que falo sempre. Se Ganso e Renato Augusto podem jogar juntos ou não, não tem a ver com o que ocorreu no Fla-Flu. Muitos de vocês vão assistir ao jogo só uma vez com olhar daquilo, povoado com as emoções que o jogo provoca. Quando vai ver com olhar técnico, não tem a ver o que ocorreu com Ganso e Renato Augusto. Se colocar o Alexsander ou Lima vocês acham que fariam muita diferença naquele jogo? Obviamente não faria diferença.

A gente perdeu jogos jogando muito mal que jogou todo mundo. São Paulo no Morumbi fomos medonhos. É injustiça grande a Ganso e Renato Augusto. É muito mais complexo que isso. No segundo Fla-Flu, se tivesse perdido, imagina os comentários. Marquinhos invenção, Martinelli de zagueiro, Manoel sem jogar há mais de um ano, Marcelo porque tem jogador rápido no Flamengo.

O olhar que quero passar pra vocês é que isso não confere a realidade. Ano passado quando Felipe Melo jogou a final do Carioca de zagueiro, meu whatsapp privado descobriram o número, encheram de mensagem que não podia. Todos foram fundamentais para esse momento. Estou treinando e vendo o melhor para o time. Eu arrisco. Para enriquecer um debate, a gente precisa de mais esforço para achar soluções, não são fáceis. Erro monte de vezes revendo jogos várias vezes. Você assiste uma vez e vai achar todas as soluções? Não tem cabimento. Não era Ganso e Renato Augusto. Mas eu aprendo com críticas, só não vou seguindo as críticas.

Contra o Olimpia ano passado o Ganso jogou de 8 no Maracanã, com quatro atacantes. Depois no Paraguai também. O Olimpia teve chance? Teve, três de bola parada. Se entra, iam falar que era a escalação.

Contra Inter estávamos muito bem no jogo e ficamos com um a menos. Lá contra o Inter tivemos dois volantes. Tiramos Felipe Melo, Ganso veio para 8, Martinelli para 5 e tivemos volume muito maior. Terminamos com quatro ou cinco jogadores na frente. Não pode ser justificado se a bola entra ou não entra, senão vamos caçar culpados. Como Caio Paulista teve que sair daqui, Thiago Santos do Grêmio….hoje Thiago Santos aplaudido na final da Recopa. Quantos Thiagos Santos não se perdem por aí? Você vale o quanto ganha, não o que você é. Vou lutar a vida inteira contra.”

Elenco disputa em todas as frentes?

“É a intenção de ter time mais robusto. Lembrar ano passado, tivemos jogos na Copa do Brasil que lançamos mão de jogadores jovens, Isaac, Artur, Giovani. Quando lança da base, mais fácil o time mais redondo. Com elenco mais abastecido, de peso, a gente aumenta nossa chance de levar o time adiante em outras frentes.”

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