Botafogo
Do céu ao inferno! Botafogo termina melancolicamente o Brasileirão
Alvinegro entregou o título de campeão ao Palmeiras e garantiu apenas vaga na Pré-libertadores em 2024Parecia que depois de 28 anos o torcedor do Botafogo ia soltar o grito de campeão entalado na garganta. Só parecia… Da euforia criada pela performance excepcional construindo a maior pontuação de um primeiro turno na história do Campeonato Brasileiro para o fracasso total na reta final deixando escapar o título para o Palmeiras. O Alvinegro precisava apenas de uma campanha mediana no segundo turno para faturar a Taça, porém não venceu uma partida sequer (seis empates e cinco derrotas) nas onze rodadas finais para terminar a competição. Em queda livre o que restou foi uma vaga na pré-Libertadores de 2024, considerado um prêmio de consolação.
É evidente que nem o mais otimista dos torcedores botafoguenses imaginava no início do Brasileirão que o título seria um alvo concreto, mas o time ao longo da competição criou com muitos méritos através de grandes atuações o rótulo de favorito absoluto. Levando em consideração apenas as equipes que terminaram o Brasileiro no G-6, o Glorioso chegou a ter 22 pontos de vantagem para o Atlético-MG, 16 para o Bragantino, 15 para o Flamengo, 14 para Grêmio e Palmeiras.
Além de prejuízo técnico, já que a preparação para o início de 2024 deve sofrer mudanças em virtude da Pré-Libertadores, também ficou registrado o prejuízo financeiro. Caso fosse campeão, o Botafogo ia faturar R$ 47,8 milhões de premiação. Com o quinto lugar confirmado o valor caiu para R$ 38,2 milhões.
O torcedor sofreu duro golpe após a derrocada, paçocada, entregada ou qualquer outro adjetivo que possa ser colocado nesse momento. O Botafogo colecionou resultados vexatórios, sofrendo viradas impressionantes por 4 a 3 para Palmeiras e Grêmio, empates nos acréscimos contra RB Bragantino, Santos e Coritiba, sendo os dois últimos rebaixados. A queda coletiva se mistura com o péssimo rendimento individual de vários jogadores que eram apontados entre os melhores como Lucas Perri, Adryelson, Victor Cuesta, Marlon Freitas, Eduardo e Tiquinho Soares. Perri e Adryelson chegaram a ser convocados pelo técnico Fernando Diniz para a Seleção Brasileira nas Eliminatórias da Copa do Mundo.
No caso específico do camisa 9 talvez tenha faltado comando e planejameno da diretoria para conduzir a situação depois de atleta ter se machucado contra o Cruzeiro e não ter voltado a mostrar um bom futebol, além do problema familiar com o pai que luta contra o câncer. Antes artilheiro absoluto, ele perdeu o posto para o atacante Paulinho, do Atlético-MG. Tiquinho fez apenas um gol nos últimos nove jogos em que esteve em campo. O jogador pediu desculpas aos torcedores após a derrota final para o Internacional, em Porto Alegre, rebatendo declarações de Diego Costa afirmando que faltou humildade e foco para o elenco, que acabou caindo no clima de oba oba natural das arquibancadas.
John Textor e diretoria também possuem parcela fundamental na queda Alvinegra. Tudo se intensificou após a partida contra Athletico Paranaense, marcada pelos problemas de energia elétrica no Nilton Santos. Até hoje não foi emitida uma nota oficial sequer para explicar o problema interno do estádio na ocasião. O clube adotou a postura de entrar em conflito com a CBF e arbitragem. Acionista majoritário da SAF, Textor questiona até hoje ações da arbitragem no futebol brasileiro. O clube entrou no STJD com o pedido de abertura de inquérito para apurar erros de arbitragem apresentando um dossiê elaborado por uma empresa independente especializada que sugere favorecimento e manipulação de resultados. O norte-americano também acusou a entidade de corrupção e foi processado. Depois de esgotar esforços na esfera desportiva, o Botafogo pode levar o caso para a justiça comum. Ao invés de focar em corrigir situações internas, Textor preferiu subir o tom contra a arbitragem apontando como fator principal contra o clube. Foi criado o CTCT “Contra tudo, contra todos” gerando enorme responsabilidade a um elenco que não estava preparado para ser campeão.
Saída de Luís Castro é fator de destaque
O Botafogo voava no Campeonato Brasileiro até que uma situação causou enorme apreensão. O técnico Luís Castro recebeu uma proposta milionária irrecusável do Al-Nassr, da Arábia Saudita, e deixou o clube levando toda comissão técnica. Interinamente, a escolha de John Textor foi colocar Claudio Caçapa no comando até que um novo técnico fosse contratado. Auxiliar do Lyon-FRA e de férias no Brasil, Caçapa sai com 100% de aproveitamento (três vitórias) conseguindo dar sequência ao trabalho de Castro. Bruno Lage é contratado com a missão de não mexer na equipe. O objetivo aparentemente simples era manter o formato que os jogadores estavam acostumados. Lage viu a necessidade de fazer mudanças e acabou sendo demitido diante de um pedido coletivo do grupo a diretoria. Mesmo com o trabalho não tendo encaixe, o Botafogo chegou a ter com Bruno Lage 13 pontos de vantagem na liderança para o segundo colocado. A maior distância sob o comando de Luís Castro foi de sete pontos. Naquele momento o pedido dos atletas foi manter a dupla Lúcio Flavio e Joel Carli. O Botafogo esboça reação com as vitórias sobre Fluminense e América-MG, porém o time desaba tática e mentalmente obrigando o departamento de futebol e fazer nova troca. Tiago Nunes é contratado e soma quatro empates e uma derrota nos últimos cinco jogos. O treinador tem contrato até 2025 e vai iniciar a próxima temporada no comando da equipe.
Melancolicamente a temporada termina com o vexame no Brasileirão, frustração total da torcida e promessa de John Textor de forte investimento para elevar o nível do time no ano que vem. Fica uma dúvida no ar: O que fazer com um elenco que caiu em descrédito com o torcedor?