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12º Congresso Brasileiro de Agroecologia reunirá soluções tecnológicas no Terreiro das Inovações Camponesas

Serão apresentadas 64 invenções criadas a partir das necessidades e experiências práticas de agricultores, indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais

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12º Congresso Brasileiro de Agroecologia reunirá soluções tecnológicas no Terreiro das Inovações Camponesas (Foto: Divulgação)
12º Congresso Brasileiro de Agroecologia reunirá soluções tecnológicas no Terreiro das Inovações Camponesas (Foto: Divulgação)

O Terreiro de Inovações Camponesas é um dos espaços mais esperados da 12º edição do Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), que tem como lema a Agroecologia na Boca do Povo. Entre os dias 20 e 23, os inscritos no Congresso poderão conhecer inovações – tecnológicas, metodológicas, organizativas – desenvolvidas a partir da experiência prática e da necessidade das famílias camponesas de todas as cinco regiões do país. Essa é a primeira vez que o CBA rompe os muros das universidades e ocupa áreas públicas do centro do Rio de Janeiro (RJ). O Terreiro acontecerá na Fundição Progresso.

Durante três dias, os inscritos no CBA poderão ver de perto 64 inovações criadas a partir das necessidades e experiências práticas de agricultores/as, indígenas e comunidades tradicionais. Nesse ambiente, os/as autores/as poderão trocar experiências entre si e com os/as visitantes sobre as tecnologias desenvolvidas como equipamentos, utensílios, bioinsumos, práticas de manejo da biodiversidade e dos solos, processos de gestão de bens comuns, entre outras inovações camponesas. No espaço, também haverá uma mesa de diálogos com gestores/as públicos para debater novas e as atuais ações governamentais de incentivo à inovação no contexto da Agricultura Familiar e da Agroecologia. Esse momento está previsto para o dia 21, pela manhã.

Uma das inovações que virá do Semiárido paraibano é uma minifábrica doméstica para o processamento da mandioca. A agricultora familiar Elizabeth Ananias Barbosa, de Remígio (PB), município situado no território agroecológico da Borborema, e seu marido Irenaldo faziam o trabalho de processamento da mandioca manualmente, ralando e espremendo em um pano. A cada produção, panos de cozinhas terminavam rasgados e as mãos machucadas. Como já conheciam uma casa de farinha e os instrumentos necessários, tiveram a ideia de encomendar a um ferreiro uma prensa pequena e um rodete para moer uma pequena quantidade de mandioca. O que antes era feito em quatro horas passou a levar apenas 20 minutos. Os equipamentos ficam instalados na bancada da cozinha da casa para o processamento de alimentos da agricultura familiar de base agroecológica.

A minifábrica vem sendo desenvolvida desde 2008, com o apoio da AS-PTA e Polo da Borborema, e já beneficiou outras mulheres que trabalham em grupo ou individualmente na região. Atualmente, há na Borborema sete equipamentos como esse que já foram aprimorados e adaptados como minitacho para fazer a farinha de mandioca.

“A minifábrica busca enfrentar um grande limitante que era a minha capacidade de beneficiar e produzir alimentos, a partir da mandioca e macaxeira. Uma tradição nordestina que era vendida na feira agroecológica e na feira livre, mas que vinha se perdendo na região. Após fazer o resgate de receitas com as mulheres mais antigas da minha família, montamos os equipamentos que contribuíram diretamente para participarmos do grupo da Feira Agroecológica de nosso município e vender os produtos de nossa propriedade, construindo a minha autonomia”, comemora a agricultora Elizabeth Barbosa.

A agricultora familiar Marinalva Morais Simões, de Boa Vista (RR) desenvolveu um bio insumo utilizado no combate da doença da melancia. Preparado a partir da calda da mamona, melhora o manejo dos agroecossistemas sem precisar usar agrotóxicos e sementes transgênicas.

“Em 2014 tive a ideia de usar as folhas de mamona para fazer calda. Foram nove folhas batidas no liquidificador em meio litro de água. A representatividade de ser nove tem relação com a gestação humana para dar certo! Coloquei esse insumo em garrafa PET de dois litros e enrolei em saco preto. Ficou 15 dias curtindo e depois completei com água. Uso 100 ml para 20 litros de água para pulverizar no plantio de melancia, reaplicando a cada oito dias. Ensinei para as agricultoras do Pará e hoje muitos usam no controle de doença de melancia”, descreve Marinalva Simões.

Como a Agroecologia é uma ciência que se constrói no diálogo com vários saberes populares, serão realizados debates sobre o significado das inovações camponesas para o desenvolvimento da agroecologia. Cerca de cinco mil pessoas se inscreveram no Congresso, entre pesquisadoras/es, docentes, estudantes, técnicas/os e extensionistas, agricultoras/es familiares, representantes de povos e comunidades tradicionais e integrantes de movimentos sociais. E a organização do evento espera mais duas mil pessoas transitando nas atividades previstas.

Serviço:

Terreiro das Inovações Camponesas

Inscrições: https://cba.aba-agroecologia.org.br/inscricoes/

Local: Fundição Progresso

Programação:

Terça – 21/11

09h: Exposição dos Inventos e troca de experiências

14h às 16h: O papel histórico da Agricultura Familiar na produção do conhecimento e inovações. E as ações governamentais de incentivo à pesquisa e inovação no contexto da Agricultura Familiar e da Agroecologia

Quarta – 22/11

09h: Exposição dos Inventos e troca de experiências

09h30: Ações Governamentais de incentivo à inovação no contexto da Agricultura Familiar e da Agroecologia

Quinta – 23/11

09h: Exposição dos Inventos e troca de experiências

09h às 12: Principais desafios e propostas para potencializar o protagonismo da Agricultura Familiar no campo das inovações