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Ciência e Saúde

Tempo demais em telas pode provocar ‘burnout digital’

Especialista explica como pode desencadear e como empresas podem amenizar

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Tempo demais em telas pode provocar 'burnout digital' (Foto: Divulgação)
Tempo demais em telas pode provocar 'burnout digital' (Foto: Divulgação)

Em um dia comum, o brasileiro passa cerca de nove horas e meia conectado na internet, duas horas e 30 minutos a mais que a média mundial, é o que afirma uma pesquisa realizada pela Meltwater, empresa de monitoramento de mídia online. Seja apenas para verificar a hora ao acordar, olhar as novidades das redes sociais, ou utilizar para fins trabalhistas, o uso da internet e dos celulares aumentou nos últimos anos.

Apesar dos números serem excelentes para o mercado digital, um levantamento realizado pela empresa Fiter com 101 entrevistados apontou que os trabalhadores passam a maior quantidade de tempo em frente a telas durante o trabalho para 77% das pessoas, e o excesso de exposição a dispositivos eletrônicos pode estar relacionado a sentimentos de estresse e ansiedade. 

A mudança brusca de rotina que a pandemia causou na vida pessoal e profissional das pessoas trouxe impactos também para a saúde mental. A pandemia foi fundamental para agravar uma crise que já existia, sobre a falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Para muitos, fez o trabalho aumentar. Sabe-se que trabalhar sem fazer pausas, pode gerar um desgaste físico e psicológico nos indivíduos, o que pode ser diagnosticado como Síndrome de Burnout, que também pode ser chamada de Síndrome do Esgotamento Profissional. Ela envolve sintomas de exaustão extrema, esgotamento físico e mental, resultantes de situações de trabalho desgastante, muito competitivos ou de grande responsabilidade, causando o colapso físico e emocional.

Quando a hiperconectividade, ou o excesso de tela, atrapalha muito a saúde em toda a sua dimensão, pode-se dizer que a pessoa está sofrendo de Burnout Digital. Segundo a psicóloga Glauce Corrêa, isso pode afetar não só a vida profissional, mas a vida pessoal e social, além da saúde física e mental, levando ao colapso e aumentando em muito as chances de provocar ansiedade e depressão nos trabalhadores. “Como a maioria da população tem um celular, todos estão acessíveis a todo momento. Seja através de aplicativos de mensagens, seja para ligações de áudio ou vídeo. Desde a pandemia, o número de reuniões, mesmo em momentos fora do horário de trabalho, aumentou muito”, alerta. 

Glauce Corrêa, psicóloga (Foto: Divulgação)

Glauce também diz que nota-se um aumento no número de pessoas sofrendo também com a chamada Nomofobia, que é o medo irracional e a angústia de ficar sem o seu celular, ou ser impedido de usá-lo por algum motivo, como ausência de conexão à internet ou bateria fraca. “Este fenômeno colabora para o aumento do esgotamento e da piora nos sintomas emocionais e físicos. É notório que funcionários felizes diminuem acidentes laborais, são mais produtivos, mais eficientes e criativos. Os mesmos gestores que querem melhor qualidade técnica e qualidade percebida precisam investir em desenvolvimento técnico, mas principalmente no bem estar pessoal de seus funcionários”, afirma.

Glauce conclui dizendo que as empresas precisam evitar ambientes tóxicos e focar na humanização do local de trabalho, promovendo uma cultura de apoio à vida pessoal e profissional de seus colaboradores. “Seja em um ambiente presencial, ou em um trabalho híbrido, os líderes e diretores de RH precisam usar recursos para compreender e satisfazer as demandas de seus funcionários e colaboradores, não correndo o risco de perder os talentos para a concorrência. A fórmula não é mágica. Basta apenas encontrar o equilíbrio. Nenhum colaborador deseja mais ser sufocado pelas jornadas árduas de trabalho, pois entendem que não lhe fazem bem. Algum esforço sempre será necessário, mas deve haver tempo para olhar para si, de ter responsabilidade afetiva consigo mesmo”.