Rio
Mercado ‘Mundo Trans’ leva à Praça Mauá produtos criados por 15 marcas de expositores transexuais
Iniciativa da Coordenadoria Executiva da Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio, feira ao ar livre com foco em produções de pessoas trans, acontece neste domingo (29), Dia Nacional da Visibilidade Trans
O final de janeiro sempre é reservado ao Dia Nacional da Visibilidade Trans. Celebrado neste domingo (29), ele relembra o lançamento da campanha “Travesti e Respeito”, em 2004, que deu protagonismo à história da luta contra a transfobia. Para marcar esta data de forma positiva na cidade do Rio de Janeiro, a Coordenadoria Executiva da Diversidade Sexual, órgão ligado à Casa Civil da Prefeitura do Rio de Janeiro, apresenta o 1º Mercado Mundo Trans, que será realizado no próprio dia 29, domingo, das 10h às 17h, na Praça Mauá.
A feira vai contar com 15 barracas que vão mostrar produtos variados de expositores transexuais. A ideia é receber cariocas e turistas no Boulevard Olímpico para apresentar e lançar luz ao empreendedorismo praticado por pessoas trans. Com entrada gratuita, o público que quiser passar o dia na zona portuária, vai encontrar produtos como turbantes, bolsas, roupas para bebês e crianças até canecas, squeezes, camisas, pantufas, ecobags, tatuagens e objetos de decoração. Para deixar o passeio mais animado, sets da DJ Princess Berenice vão servir de trilha perfeita para o programão de domingo. Expositores da área da gastronomia prometem não deixar o público com fome.
“A CEDS tem investido no empreendedorismo, como uma ferramenta para a política de empregabilidade. Fazer uma feira para que essas empresas possam ampliar suas clientelas, crescer e se desenvolver, é a nossa intenção”, pontua Carlos Tufvesson, coordenador executivo da Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio. “Faz parte das nossas ações fomentar essas atividades”.
Para Andrea Brazil, idealizadora do projeto CapaciTrans, a chegada do 1º Mercado Mundo Trans é vista como uma importante iniciativa do poder público municipal. “Ter a possibilidade e a visibilidade desses talentos empreendedores, mesmo que devagar, com início em uma feira específica com serviços produzidos por pessoas trans, já começa a transformar o olhar da sociedade”, acredita. Andrea ressalta que boa parte dessa população já é obrigada e imposta a comercializar seus corpos, objetos de fetiches de muita gente. “Por isso, ela já é praticamente impulsionada a empreender: seja seu corpo, sejam seus talentos. Por que não transformar essa mola em um empreendimento formal? Esse é um dos pontos que destaco a importância da criação do 1º Mercado Mundo Trans”.
O CapaciTrans surgiu baseado na história de Andrea e dos muitos nãos que ela recebeu em ambientes formais de trabalho. Além de questionamentos constrangedores. “Essa roupa? Essa voz? Você não pode usar isso. Você não pode usar aquilo. Sofri muito cerceamento nestes locais”, relembra. Como caminho alternativo, ela escolheu o empreendedorismo. “Percebi uma chance para mudar a vida de outras pessoas iguais a mim, pessoas trans, travestis, não-binárias, L, G, B, I, Q, A, P+ em situação de extrema vulnerabilidade diante de seus recortes sociais. Uma pessoa gay, afeminada e preta vai sofrer mais discriminação, por isso, o empreendedorismo é a solução”, conta. Hoje, o CapaciTrans está institucionalizado e já formou mais de 300 pessoas. “Deste montante, já vimos alguns alavancarem seus negócios”, comemora. “Através das nossas capacitações, conseguimos perceber talentos existentes ali, que o mercado não enxerga ou não quer enxergar. O CapaciTrans dialoga com as empresas para poder trabalhar mais a diversidade e a inclusão realmente de fato, não só até a página dois”.
A transfobia é algo que ainda assusta, fere, mata e marca números altos, seja no Brasil, ou no mundo. Além de segregar cidadãs e cidadãos da população T, desde os primeiros anos de sua vida. Segundo levantamento realizado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), estudantes transexuais representam 0,1% do total dos alunos de universidades federais. No ensino básico, os números também são alarmantes: 72% da comunidade não-cis sequer possui o Ensino Médio completo e 56% concluiu o Ensino Fundamental.
Para enfrentar estes e outros problemas ligados a este segmento, a Coordenadoria Executiva da Diversidade Sexual, tem promovido o programa Diversidade Qualificada, de qualificação profissional, em parceria com o SENAC e projetos para garantia de direitos como o Garupa que, em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social e a Secretaria Municipal de Saúde, cadastrou mais de 1300 pessoas trans, para assegurar o acesso à proteção social e à rede pública de saúde.
Serviço:
DOMINGO, 29/01 – DIA NACIONAL DA VISIBILIDADE TRANS
1º Mercado Mundo Trans
Feira com 15 tendas ocupadas por empreendedores transexuais de diversas áreas como moda, acessórios, decoração, gastronomia e variedades.
Atração durante o 1º Mercado Mundo Trans: DJ Princess Berenice
Horário: 10h às 17h
Local: Praça Mauá
ENTRADA GRATUITA