Ciência e Saúde
Confira mitos e verdades sobre o HPV
Ginecologista com especialização no tratamento do HPV e na realização de exames de Colposcopia e Vulvoscopia, Flávia Menezes, tira as principais dúvidas
Não é incomum uma reação de desespero quando se descobre estar infectada pelo vírus HPV. O mundo parece acabar, o estresse emocional e a ansiedade tomam contas… E todos esses medos e angústias acabam se justificando ante o grande desconhecimento que ainda sem tem sobre essa infecção. Somado a isso, o modo como o profissional da saúde transmite essa informação pode “contribuir” para acabar com suas noites de sono.
O pior é que, em muitos casos, esta avalanche de emoções não tem razão de ser. E está justamente na desinformação que reside o maior problema do HPV.
A Ginecologista com especialização no tratamento do HPV e na realização de exames de Colposcopia e Vulvoscopia, Flávia Menezes, lista a seguir MITOS e VERDADES a respeito do Papilomavirus Humano, nome completo do HPV.
MITOS:
1. O vírus do HPV é transmitido APENAS de forma sexual;
2. A infecção por HPV está relacionado a promiscuidades;
3. A infecção por HPV é sinal de que houve traição;
4. Camisinha protege 100% contra a infecção por HPV;
5. A vacina contra HPV não é segura;
6. A vacina contra HPV é indicada para tratamento de lesões causadas por esse vírus;
7. Quem tem HPV de alto risco terá câncer de colo do útero;
8. Existem pomadas e remédios para tratar o vírus do HPV;
9. O HPV é igual ao HIV;
10. Mulheres que fazem sexo com outras mulheres não precisam fazer exames preventivos para o câncer de colo do útero.
VERDADES:
1. É um vírus de transmissão preferencialmente sexual, mas também pode ser transmitido de forma não sexual;
2. A infecção por HPV NÃO está relacionada à promiscuidade. Como muitas pessoas são portadoras do HPV e não apresentam qualquer sinal ou sintoma, elas não sabem que têm o vírus, mas podem transmiti-lo. Portanto, não se culpe ou se torture por ter adquirido essa infecção. A infecção por HPV é a doença sexualmente transmissível mais comum no mundo. Estudos mostram que 80% das mulheres no mundo entram em contato com algum tipo de HPV em algum momento de suas vidas. Ou seja, a cada 10 mulheres, 8 têm, tiveram ou terão uma infecção pelo papilomavírus humano em algum momento de suas vidas;
3. A infecção por HPV não indica traição. O vírus pode ser transmitido de forma não sexual;
4. Camisinha NÃO protege 100% contra a infecção por HPV. O preservativo de látex não tem 100% de eficácia na prevenção de uma infecção pelo HPV, pois o vírus pode estar presente em áreas infectadas não protegidas pelo preservativo;
5. A vacina contra HPV É segura. Pesquisas científicas mostram que os benefícios da vacinação contra o HPV superam em muito os riscos potenciais. Como em todas as intervenções médicas, as vacinas podem apresentar efeitos colaterais, mas as reações adversas mais comuns relatadas em ensaios clínicos de vacinas contra o HPV foram locais, no ponto da picada;
6. A vacina contra HPV NÃO é indicada para tratamento de lesões causadas por esse vírus. Ela é profilática, confere proteção para futuras infecções por esse vírus. Daí a importância de sua adoção antes de qualquer exposição ao vírus. O HPV de alto risco, quando não é eliminado espontaneamente pelo organismo, realmente está associado ao câncer do colo do útero. Mas apenas um número muito pequeno de mulheres infectadas pelo HPV desenvolverá lesões.
7. As lesões causadas pelo HPV são rastreadas por meio do Exame de Papanicolau, associado ou não a testes biomoleculares que detectam o vírus do HPV. O exame de colposcopia é importante para a confirmação deste diagnóstico.
Descobrir lesões pré-cancerígenas é o objetivo principal da prevenção do câncer de colo do útero. Quando tratadas adequadamente, têm cura;
8. NÃO existem pomadas e remédios para tratar o vírus do HPV. Aproximadamente 80% das mulheres infectadas eliminarão o vírus de forma espontânea, sem qualquer medicamento, pomada ginecológica, vitaminas ou chás;
9. A infecção por HPV não tem nenhuma semelhança com a infecção pelo HIV.
10. Mulheres que fazem sexo com mulheres também apresentam o risco de adquirir HPV. Seja pelo contato de mucosa da vulva com outra vulva, por uma contaminação da mão, por meio do sexo oral ou do compartilhamento de brinquedos sexuais.
Assim, mulheres em relações homossexuais devem fazer o exame de Papanicolau da mesma forma que mulheres em relações heterossexuais.