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Joãosinho Trinta e Laíla: espetáculo em homenagem a ícones do carnaval retorna aos palcos no Centro do Rio

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Após a temporada de sucesso no Sesc Copacabana, o espetáculo “Joãosinho e Laíla: Ratos
e Urubus, larguem minha fantasia”, com texto de Márcia Santos e direção de Édio Nunes
retorna aos palcos para apenas 04 apresentações, no Teatro Dulcina, de quinta a domingo,
dias 10 (ensaio geral aberto), 11, 12 e 13 de novembro, às 19h.

A montagem propõe render homenagem ao samba e a essas relevantes figuras do carnaval carioca, cujas vidas fazem parte da história da cidade do Rio de Janeiro e, em extensão, da história do país, dada a importância deste patrimônio cultural popular e histórico que é o carnaval, além de percorrer por acontecimentos de grande comoção midiática entre os anos de 1989 e 1990. Oito sambas enredo costuram a cronologia do espetáculo.


Cridemar Aquino e Wanderley Gomes dão vida aos ícones do carnaval, Laíla e Joãosinho
Trinta, trazendo a genialidade do diretor de carnaval e carnavalesco no emblemático desfile
da Beija-Flor de Nilópolis em 1989, com o enredo “Ratos e urubus, larguem minha fantasia”.
O maior desfile da história do carnaval do Rio de Janeiro transforma o palco em Praça da
Apoteose. O elenco, que ainda conta com Ana Paula Black, Milton Filho e Fábio D’ Lélis leva
ao público um pouco da dinâmica dos bastidores do carnaval, a rotina dos barracões, os
sambas de enredo e as figuras que compõem esse universo.


Todo aquele universo revolucionário de mendigos fantasiados e mendigos reais, com a
réplica da estátua do Cristo Redentor – em farrapos – coberta por um plástico preto, que
tantas reflexões levaram ao público que lotava a Marquês de Sapucaí, onde fica o
sambódromo, chega agora ao teatro provando o quão importante é o carnaval para a quebra
de paradigmas, a desconstrução de preconceitos, e para a formação da cultura e dos valores
de um povo. A ideia surgiu de uma conversa de Édio Nunes, diretor da peça, que participou
do histórico desfile, com o coreógrafo de comissão de frente Patrick Carvalho.


“Jamais esqueci a cena em que nós, os mendigos, arrancávamos o plástico preto (desfile das
campeãs) que cobria a réplica da estátua do Cristo Redentor, um Cristo mendigo, que havia
sido censurado pela Igreja e execrado pela mídia. Durante o desfile, a gente foi arrancando
aquele plástico, desvelando aquele Cristo, provocando uma comoção. Essa memória me veio
conversando com meu amigo Patrick, sobre Laíla e Beija-Flor. Fui percebendo que havia ali
um espetáculo. Resolvi, então, levar para o palco aquela memória tão viva dentro de nós,
aquele desfile que foi um divisor de águas. Levar para o palco atores e músicos com o
candomblé na veia, levar o luxo e o lixo, arrancando o plástico da censura e pedindo para
que o Cristo Oxalá – assim o chamo – continue olhando por nós, pelos que sofrem injúria
racial e com o racismo estrutural, pelas mães negras que perdem seus filhos, pelas crianças
negras que morrem diariamente; por todos nós, negros, macumbeiros, gays, indígenas, todos
os diminuídos pela sociedade brasileira. Que olhe por nossa cultura, por nossos artistas. E
que esse espetáculo abençoe todos nós”, exalta Édio.


O polêmico enredo – que sacudiu a sociedade com um profundo debate sobre a secular
questão da desigualdade social no país – tinha por trás os incríveis Joãosinho Trinta e Laíla.
Geniais e geniosos, os dois construíram uma trajetória de produção criativa e campeã, e uma
relação pessoal repleta de admiração recíproca, de um lado, e de conflitos e embates entre
temperamentos e vaidades, de outro.


O texto é assinado por Márcia Santos. Ela observou que, este ano, uma escola de samba
vencera o carnaval carioca levando para a avenida os diversos aspectos de Exu, arquétipo e
entidade da religiosidade africana, confirmando a importância do carnaval na desconstrução
de preconceitos, na formação de conhecimento e na divulgação de valores históricos.
“Joãosinho e Laíla são, com certeza, dois dos responsáveis pela construção do espaço de
transgressão e de irreverência que têm na arte, essa poderosa ferramenta social e política”,
explica Márcia, cujo texto mostra traços da personalidade de Joãosinho e Laíla, assim como
os bastidores do desenvolvimento de um desfile, figuras e elementos do universo
carnavalesco.


SINOPSE
O espetáculo foca em conflitos, tendo como recorte temporal o processo de criação do desfile
“Ratos e urubus” e os acontecimentos dele decorrentes, buscando jogar luz nos
temperamentos, visões de mundo e de vida de cada um dos artistas.
O elenco conta a história daquele desfile e seus personagens e leva ao público um pouco da
dinâmica dos bastidores do carnaval, a rotina dos barracões, os sambas de enredo e as
figuras que compõem esse universo.